Fonte: http://youtu.be/w7UYtrneqDw
Soneto de Fidelidade,
de Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.
SONETO
O soneto é uma composição poética constituída por 14
versos, distribuídos, segundo o modelo petrarquiano (também chamado
"soneto italiano"), em 2 quadras e 2 tercetos, as primeiras
apresentando duas ordens de rimas e estes últimos duas ou três ordens. O
esquema rimático mais freqüente é:
a b b a / a b b a / c d c / c d c
Tudo leva a crer que o soneto foi criado no século XIII, pelas mãos do poeta siciliano Giacomo de Lentino, em Palermo.
O primeiro grande nome ligado ao soneto é o de Dante,
devendo-se a outro mestre da poesia, Petrarca, a consolidação e a
difusão do modelo.
Em Portugal, o soneto teve como seu primeiro cultor o
poeta Sá de Miranda. Camões dedicou-se amplamente ao soneto, alcançando
com ele alguns dos mais altos momentos da literatura universal de todos
os tempos.
No Brasil seiscentista, Gregório de Matos empregou o
soneto tanto para a lírica sacra e amorosa quanto para a satírica.
Adiante, Cláudio Manuel da Costa firmou-se como sonetista de grande
valor, ajudando a fortalecer uma tradição que daria nomes como Olavo
Bilac e Cruz e Sousa, entre outros.
Num primeiro momento, os modernistas se voltaram contra o
soneto, atitude inserida num amplo programa de ruptura com a "fôrma"
das formas fixas e dos padrões poéticos tradicionais. No entanto, depois
de instalado o verso livre e conquistadas tantas outras liberdades nos
níveis da estruturação e do conteúdo, poetas como Manuel Bandeira e
Carlos Drummond de Andrade retornaram ao soneto.
Vinicius de Moraes consolidou-se como grande sonetista da moderna literatura brasileira e ajudou a popularizar a forma.
O soneto também pode ser estruturado em três quartetos e um dístico, sendo chamado então "soneto inglês".
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