Tipos de intertextualidade
Once upon a midnight dreary, while I ponde-red
weak and e weary
Over many a quaint and curious volume of for-got-
tem lore, while I modded, neraly napping, suddenly
there came a tapping,
As of someone gently rapping, rapping at may
chamber door
Only this and nothing more.
1
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
‘Uma visita’ eu me disse, ‘está batendo a meus umbrais
E só isto, e nada mais.
(Tradução de Fernando Pessoa)
Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
‘É alguém quje me bate à porta de mansinho:
Há de ser isso e nada mais.
Canção do Exílio
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá." Gonçalves Dias | Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a [ Gioconda Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de [ verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!
Murilo Mendes
|
Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente.
Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de intertextualização.
Quadrilha | Quadrilha da sujeira |
João
amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. (Carlos Drummond de Andrade) |
João
joga um palitinho de sorvete na rua de Teresa que joga uma latinha de refrigerante na rua de Raimundo que joga um saquinho plástico na rua de Joaquim que joga uma garrafinha velha na rua de Lili. Lili joga um pedacinho de isopor na rua de João que joga uma embalagenzinha de não sei o quê na rua de Teresa que joga um lencinho de papel na rua de Raimundo que joga uma tampinha de refrigerante na rua de Joaquim que joga um papelzinho de bala na rua de J.Pinto Fernandes que ainda nem tinha entrado na história. Ricardo Azevedo (”Você Diz Que Sabe Muito, Borboleta Sabe Mais”, Fundação Cargill) |
A intertextualidade está presente também em outras áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:
Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919.
Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola
Sugestões de atividades:
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"
Passaram tempos sec'los de delírio
Prazeres divinais gozos do Empíreo
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"
Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"
Manuel Bandeira
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
A intextualidade presente nos anúncios publicitários
A intertextualidade fazendo alusão à pintura
http://estatico.buenosaires.gov.ar/areas/educacion/escuelas/escuelas/media/tecnica/tecnica16/pintura/dali/dali08.gif
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUb4OWXiqO24ByR91I3qx6Qv_xS1Y_LNQ1tLbX6YbDHS6MY0txF98hyTWcMxsTLheaV22hFVdTry1iEWvAOHNgBL7HFISHy8DkFyvv77argl8VtKr7Rc5Wg4-QoCspwDVWnrEuvbvG31w/s1600/Dali003.jpg
Ao analisarmos todos esses exemplos, chegamos à conclusão de que intertextualidade se conceitua como o diálogo que se estabelece entre os textos verbais e não verbais.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá pessoal!
Agradeço seu comentário.
Volte sempre! Geisa
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.