A inteligência pode ser desenvolvida. Antigamente achava-se que cada criança já nascia com a inteligência “pronta” e a escola apenas a encheria de conhecimentos. Essa é a razão da educação ter, durante muitos anos, dado ênfase na memorização, cópia e repetição exaustiva de conteúdos. Hoje sabemos que o cérebro pode criar novas conexões cerebrais, as sinapses, dependendo da forma como se interage com o aprendiz. Isso significa que se a escola continua com a metodologia do passado está desrespeitando a criança e suas possibilidades, pois não investe em seu potencial. Seguem algumas perguntas e respostas sobre o tema:
1 - A inteligência pode ser desenvolvida? Qual o principal "segredo"?
A neurociência tem mostrado que a inteligência pode ser desenvolvida por meio de alguns fatores essenciais: estimulação adequada, conquista de desafios, resolução de problemas e superação de dificuldades. Segundo um dos maiores educadores do mundo, PhD em Psicologia do Desenvolvimento professor Reuven Feuerstein, a inteligência floresce se for adubada por desafios. Um ambiente apático a faz murchar. Assim, o grande segredo é desenvolver a autonomia das crianças.
2 - Existe uma idade propícia a desenvolvê-la? Por quê?
Quanto mais conexões cerebrais, mais inteligência. Esse não é o único fator, mas é o principal. Novas conexões ocorrem principalmente nos primeiros anos de vida e continuam a se formar até a velhice. Assim, o ideal é que as crianças tenham as melhores e mais qualificadas escolas nas séries iniciais, pois é nesse período que o desenvolvimento do cérebro é maior. No entanto, não adianta ter uma “Ferrari” sendo dirigida por uma pessoa que não sabe nem trocar de marcha. É preciso saber como usar todo o potencial! É aí que vem a importância das escolas das séries seguintes.
Muitos pais, equivocadamente, colocam seus filhos numa escolinha qualquer, sem qualidade, pensando que mais tarde os colégios de Ensino Médio farão a diferença. É exigir demais do colégio. O ideal é que a criança estude nas melhores escolas desde sempre! Nesse caso, a preparação para o vestibular e para a vida será muito mais facilitada. A responsabilidade não pode ser apenas do “terceirão”.
3 - Mas o que fazer se a escola é ruim, currículo antiquado, com professores desmotivados e uma direção que não faz nada para mudar essa realidade?
Uma escola assim é injusta. Ela acaba mantendo as crianças em um baixo nível de funcionamento. Provavelmente atende a parcela da população que mais necessitaria de uma educação de qualidade, mas não o faz. No entanto, não se pode colocar a culpa toda nos professores, pois eles estão, em geral, abandonados. São mal pagos, tem uma carga horária semanal gigantesca, precisam corrigir provas e trabalhos nos fins de semana, são muitas vezes desrespeitados por alunos (ou por seus pais) e quando tomam atitudes mais severas são tachados de ditadores. Não é fácil ser professor nos dias atuais!
No entanto, conhecer as causas da falta de qualidade não muda a realidade das crianças. Elas não podem pagar pela incompetência do estado, da gestão da escola ou da péssima formação dos professores. Não têm culpa de terem pais ausentes, agressivos ou sem sabedoria para educar. Elas precisam receber o que há de melhor. Como fazer isso é problema de todos nós, de toda a sociedade, principalmente do governo que administra a educação.
4 - O que falta aos pais de hoje para que contribuam com o desenvolvimento da inteligência dos filhos?
Falta conhecer as últimas descobertas da neurociência e da educação. Por isso é tão importante a parceria escola-família, pois a especialista em educação é a escola e os pais podem aprender muito sobre o desenvolvimento da inteligência de seus filhos. A escola pode propiciar momentos em que essa troca ocorra. Palestras e reuniões de pais são bons momentos para que haja uma troca saudável a respeito de informações sobre as crianças e adolescentes.
Uma das descobertas nesse campo é a de Feuerstein: a interação pai-filho é uma das principais características potencializadoras do desenvolvimento da inteligência. Se essa interação for de qualidade e tiver alguns fatores muito particulares, será chamada de mediação. É a mediação o que mais contribui para o desenvolvimento de uma criança em todos os seus aspectos. Entretanto é preciso saber como mediar.
5 – Na prática, o que precisamos levar em conta para desenvolver a inteligência de uma criança?
Basicamente, tudo aquilo que puder ser útil ao desenvolvimento da autonomia. Ela, sendo misto de liberdade e responsabilidade, possibilita novas conexões cerebrais, e, portanto, mais capacidade para resolver problemas, criar, adaptar-se ou ser bem sucedido em todas as áreas da vida.
A autonomia e os fatores citados na resposta à primeira pergunta, são o fundamento para criar situações que promovam o desenvolvimento da inteligência.
MARCOS MEIER é mestre em Educação, psicólogo, escritor e palestrante. Seus textos encontram-se no site www.marcosmeier.com.br e seus livros no site www.kapok.com.br
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