no litoral. Estavam apaixonados. Duas semanas depois, resolveram morar juntos. Alugaram um apartamento
minúsculo, onde mal cabiam os dois – e era isso mesmo que eles queriam. Juntos para sempre.
Passaram semanas esquecidos do mundo, entre o trabalho e o apartamento, onde viviam de refeições
pedidas por telefone e DVDs assistidos até a madrugada. Era o amor, dizia ele. É o amor, ela respondia.
Até que numa madrugada, especialmente cálida e movimentada, ela ficou subitamente tensa, deu um
salto da cama e exclamou:
– Você tem verruga!
– Tenho o quê?
– Verruga. Uma verruga horrorosa.
Ele tinha mesmo uma verruga no calcanhar esquerdo, já nem lembrava dela.
– É, tenho.
Ela acendeu a luz e saiu em busca do roupão, no qual se embrulhou, pudica.
– Por que não me disse antes?
– Por que eu deveria ter falado disso?
– Eu tenho horror a verrugas.
Ele tentou brincar:
– Você tem horror a verrugas. Eu tenho uma só.
– É o bastante. Você deveria ter falado disso.
– Da verruga?
– Da verruga. Estamos juntos há dois meses e você nunca me falou dela.
– Dela?
– Da verruga. É como se você mentisse para mim esse tempo todo.
– Mentisse? Mas você ficou doida, criatura? Eu tenho uma verruga, só isso.
– No tendão.
– Tudo bem. Outros têm verruga no dedo indicador – tentou novamente fazer uma brincadeira. Se ainda
fosse...
– Não faça piadinhas! É sério. Tenho fobia a verrugas.
– Não acredito. Você tem certeza de que não está brincando?
– Imagina! Não brinco com verrugas! É coisa séria.
Ela abriu o guarda-roupa, apanhou uma mala e começou a recolher suas roupas.
– O que você está fazendo? Perguntou ele.
– Vou embora.
– Por causa de uma verruga?
– Isso mesmo. Não suporto verrugas. Tenho fobia.
Ele se levantou da cama e, inexplicavelmente, se sentiu chocado com a própria nudez. Colocou a calça
do pijama. Aproximou-se dela. Ela gritou:
– Não me toque! Não ponha a mão em mim!
Ele abriu os braços, patético:
– Mas... E nossa paixão? Nossos sonhos? Nossos planos?
– Tudo acabado.
– Por causa de uma verruga?
– Por isso mesmo – disse ela, enfiando-se num jeans e numa camiseta.
– E se eu tirasse a verruga?
Colocando o tênis, ela dirigiu a ele um olhar cheio de pânico:
– Não adianta. Volta. Verruga é para sempre. Você corta aqui, ela renasce. Pula para outro lugar. Passa
de um dedo para outro. Sinto muito.
Arrastou a mala até a porta, apanhou as chaves e disse:
– Amanhã eu volto para pegar o resto das minhas coisas. Adeus.
Antes de fechar a porta, ela apagou a luz e ele ficou ali, de pijama, no meio da sala, no escuro. Sozinho.
Ele e a verruga.
(Texto retirado de Gazeta do Povo, Curitiba, 10/5/2009)
GÊNERO TEXTUAL 1 – CARTA PESSOAL
Com base no texto Aquiles e a verruga, imagine a seguinte situação: você terminou um relacionamento amoroso por uma causa banal, a exemplo da história apresentada no texto de apoio.
Para se entender o trabalho na sociedade greco-romana, é necessário que se tenha em mente que seus membros não pensavam essa questão da mesma forma que a pensamos hoje; tampouco se trabalhava da mesma maneira, ou melhor, não se organizava o trabalho como hoje o fazemos. Antes de tudo, os gregos utilizavam vários termos para designar o que hoje entendemos por trabalho. Além disso, a organização da
sociedade greco-romana era também diversa da nossa e, portanto, a divisão do trabalho e as relações sociais de produção também o eram.
Os gregos faziam uma distinção clara entre o trabalho braçal de quem labuta na terra, o trabalho manual do artesão e aquela atividade do cidadão que discute e procura, através do debate, resolver os problemas da sociedade. Conforme Hanna Arendt (1906-1975), pensadora alemã, os gregos possuíam três concepções
para a ideia de trabalho: labor, poiesis e praxis.
Por labor, entendia-se o esforço físico voltado para a sobrevivência do corpo, sendo, portanto, uma atividade passiva e submissa ao ritmo da natureza; o exemplo mais claro dessa atividade é o trabalho de quem cultiva a terra, pois ele depende sempre das variações do clima, das estações, ou seja, de forças que o humano não pode controlar. A mesma expressão é utilizada para o momento em que a mulher está em
trabalho de parto.
Em poiesis, a ênfase recai sobre o fazer, o ato de fabricar, de criar alguma coisa ou produto através do uso de algum instrumento ou mesmo das próprias mãos. O produto desse trabalho muitas vezes subsiste à vida de quem o fabrica, tem um tempo de permanência maior que o de seu produtor. O trabalho do artesão, do escultor se enquadraria nessa concepção. Praxis, por sua vez, é aquela atividade que tem a palavra como
o seu principal instrumento, isto é, que utiliza o discurso como um meio para encontrar soluções voltadas para
o bem-estar dos cidadãos. É o espaço da política, da vida pública. Diferentemente dos casos anteriores, aqui não há nenhum produto material resultante dessa atividade, como no caso do agricultor ou do artesão. Na praxis, a atividade é totalmente livre, uma vez que se utilizam os objetos e as coisas produzidas pelos outros.
A maior virtude consiste em utilizar bem as coisas, sem ter que transformá-las através do trabalho (no caso,
através do labor ou poiesis).
A partir da leitura do texto O trabalho na sociedade greco-romana, produza um RESUMO, com no mínimo 10 e no máximo 20 linhas. Lembre-se de que o RESUMO é um gênero textual que tem por objetivo passar ao leitor as informações mais relevantes do texto original e a ele deve ser fiel.
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS |
Prova de Conhecimentos Gerais, Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa e Língua Estrangeira |
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