Foto: Inacen/Divulgação
Artur Azevedo: autor de contos leves, com ressonâncias
de peças teatrais.
Os contos de Artur Azevedo mantêm muita afinidade
com suas peças de teatro. São histórias ágeis, movimentadas, em que se faz a
caricatura dos hábitos e comportamentos das camadas médias e altas da sociedade
do Segundo Império e dos primeiros anos da República. Seus personagens são
tipos que, em busca de realização amorosa ou ascensão social, participam de
enredos leves, com desfechos que buscam surpreender e fazer rir. Em muitos
contos, Artur Azevedo emprega técnicas teatrais, como diálogos vívidos ou
enquadramento de cenas e deslocamento de personagens, dando ao leitor a
impressão de que está observando um palco. Seria possível utilizar esses textos
como roteiro de teatro sem necessidade de grandes alterações.
Sua linguagem mantém um permanente sabor coloquial.
A afetação verbal é tema de várias das suas narrativas, que ridicularizam o
discurso artificial e vazio. Essas características do autor permitem compará-lo
a Luis Fernando Verissimo e Carlos Eduardo Novaes, cujas narrativas fazem uma
divertida crítica de costumes em nossos dias.
Biografia
Poeta, contista e, acima de tudo, teatrólogo, Artur Azevedo nasceu em São Luís
em 7 de julho de 1855. Filho do vice-cônsul português na capital maranhense,
desde cedo começou a trabalhar no comércio e no funcionalismo público local.
Sua vocação literária foi igualmente precoce. Aos 15 anos, escreveu a peça Amor
por Anexins, que alcançou grande êxito em São Luís e, depois, em todo o
Brasil. Em 1871 lançou seu primeiro livro de poesias, intitulado Carapuças.
Aos 18 anos, depois de passar em um concurso público, transferiu-se para o Rio
de Janeiro.
Na capital do Império, a rotina do funcionalismo
teve como contrapartida atividades como professor e, em especial, como
jornalista e homem de letras, ao lado de figuras como Machado de Assis. Foi a
ele, seu colega em publicações literárias e na secretaria da Viação, que Artur
Azevedo dedicou Contos Possíveis, seu primeiro livro de histórias
curtas, lançado em 1889. Mas, desde o início, sua grande paixão foi o teatro,
voltado para o cotidiano e os costumes da sociedade carioca. Amores, traições,
relações de família ou de amizade - tudo isso servia de tema para seus textos
dramáticos e, em especial, para suas comédias, que alcançavam grande sucesso
popular. Várias delas, como A Capital Federal e O Mambembe, ainda
são apresentadas.
Artur
Azevedo escreveu dezenas de peças teatrais, mais de 4 mil artigos sobre eventos
artísticos, principalmente sobre teatro, e teve, durante a sua vida, mais de
uma centena de peças encenadas no Brasil e em Portugal, além de traduções e
adaptações de peças francesas. Alguns de seus textos dramáticos, de um
abolicionismo ardente, sofreram a censura imperial. Foram publicados no período
republicano com o título de O Escravocrata.
Co-fundador da Academia Brasileira de Letras, o
escritor maranhense faleceu no Rio de Janeiro em outubro de 1908. Meses depois,
em julho de 1909, foi inaugurado o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cuja
criação ele havia defendido durante cerca de três décadas.
Um olhar bem-humorado sobre o Rio
Colaboradores das mesmas publicações, colegas de
repartição pública e na Academia Brasileira de Letras, Artur Azevedo e Machado
de Assis moviam-se basicamente pelos mesmos círculos. Mas os teatros eram o
domínio por excelência do autor maranhense, criador da comédia musical
brasileira com peças como O Mambembe e A Capital Federal.
Nas últimas décadas do século 19, destacavam-se
duas casas de espetáculos na capital do país: o Teatro São Pedro de Alcântara e
o Teatro Ginásio Dramático. O primeiro, dirigido pelo ator e empresário João
Caetano, ficava na praça da Constituição, atual praça Tiradentes; o segundo,
situado na rua Francisco de Paula, foi o berço de um teatro verdadeiramente
brasileiro, além de assistir aos primeiros dramas da escola realista.
Quer saber mais?
A Capital Federal, Artur Azevedo, 160 págs., Ed. Martin Claret, tel.
(11) 3672-8144, 10,50 reais
Os Melhores Contos de Artur Azevedo, Antônio Martins de Araújo (org.),
288 págs., Ed. Global, tel. (11) 3277-7999, 41 reais
Teatro de Artur Azevedo, Antônio Martins de Araújo (org.), seis volumes,
Ed. Funarte, tel. (21) 2279-8071, 120 reais
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