- Transforme em prosa a poesia Catar feijão, de João Cabral de Melo Neto, ou seja, mude de linguagem conotativa para linguagem denotativa.
Catar Feijão
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
João Cabral de Melo Neto
Confira:
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase a frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.
Interpretação do texto Rio sem discurso
- Cortar apresenta o mesmo significado em suas duas ocorrências no primeiro verso? Comente.
- Comente a imagem "água paralítica" (primeira estrofe, quarto verso).
- O que é a "situação dicionária" de uma palavra? (primeira estrofe, sexto verso).
- Explique a relação entre a sintaxe do rio e a sintaxe das palavras.
- Por que o texto chama de interina à linguagem das cheias (segunda estrofe, sexto verso)? O texto afirma que o rio pode combater a seca se tiver voz (segunda estrofe, último verso). Em que consiste a "voz" de um rio?
- Curso, discurso e discorrer são palavras que mantêm estreita ligação semântica e morfológica. Explique.
- Releia a segunda estrofe do poema e explique como se constitui o discurso-rio.
- Qual a relação entre ele e os discursos que formamos com as palavras?
Já era tarde. Augusto amava deveras, e pela primeira vez em sua vida; e o amor,
mais forte que seu espírito, exercia nele um poder absoluto e invencível. Ora, não há
idéias mais livres que as do preso; e, pois, o nosso encarcerado estudante soltou as
velas da barquinha de sua alma, que voou, atrevida, por esse mar imenso da
imaginação; então começou a criar mil sublimes quadros e em todos eles lá aparecia a
encantadora Moreninha, toda cheia de encantos e graças. Viu-a, com seu vestido
branco, esperando-o em cima do rochedo, viu-a chorar, por ver que ele não chegava, e
suas lágrimas queimavam-lhe o coração.
Texto 2:
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
A) Em ambos os textos, percebe-se a utilização de uma mesma temática mas com tratamentos distintos. Explique, com suas próprias palavras, a concepção de amor presente nos textos de Joaquim Manuel de Macedo e de Carlos Drummond de Andrade.
A concepção de amor no texto 1 indica idealização do sentimento amoroso e da mulher amada; valorização da fantasia e da imaginação; caracterização do poder absoluto do amor sobre as personagens. O tema é tratado no texto 2 a partir de um tom crítico e irônico, apontando o desencanto e o desencontro entre as personagens. Lili, a "que não amava ninguém", é a única do grupo que ironicamente encontrou um par. Diferente dos outros que cumpriram um destino solitário ou trágico, ela se casou com J. Pinto Fernandes, uma personagem fora da quadrilha.
B) Nota-se que a estrutura do poema "Quadrilha" é construída a partir de dois movimentos. Identifique-os indicando, para cada movimento, o verso inicial e o final.
1º movimento: do verso 1 ao verso 3; 2o movimento: do verso 4 ao verso 7.
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