Para podermos explicar a origem do Trovadorismo, devemos considerar quatro teses fundamentais. Vejamos:
- A tese arábica: essa tese defende a cultura arábica, como sendo sua velha raiz;
- A tese folclórica: essa tese foi criada pelo seu próprio povo;
- A tese médio-latinista: essa tese diz que essa poesia foi criada na Idade Média, tendo sua origem na literatura latina.
- A tese litúrgica: essa tese considera-se fruto da poesia litúrgico-cristã, produzida na mesma época.
Existiam os trovadores, que eram aquelas pessoas que escreviam as poesias e as melodias que as acompanhavam, lembrando que as cantigas são todas as poesias cantadas.
É importante sabermos que o nome trovador, é dado aos autores nobres, pois os autores que possuem uma origem vilã, recebiam o nome de jogral.
Mesmo sendo lógico que eram os jograis que tocavam e cantavam as poesias, podemos dizer que grandes partes dos trovadores também interpretavam suas próprias composições.
As quatro cantigas reunidas nos cancioneiros, podem ser divididas em dois gêneros.
Vejamos:
Gênero lírico: cantigas de amor e cantigas de amigo
• Cantiga de amor: essas cantigas originaram-se na Provença, região sul da França, estão relacionadas com um tratamento amoroso, onde o trovador canta seu amor a uma dama, apresentando um eu - lírico – masculino.
Vejamos um exemplo de cantiga de amor:
Texto I – Cantiga de amor
Essa cantiga de Afonso Fernandes mostra algumas características de incorrespondência amorosa.
“Senhora minha, desde que vos vi,
lutei para ocultar esta paixão
que me tomou inteiro o coração;
mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.”
Nessa 1ª estrofe o trovador expressa o que sente mais de uma maneira que expressa súplica, a mulher que ele conheceu está sendo idealizada em que ele se declara a ela, ele expõe os argumentos que justificam sua desgraça.
• Cantiga de amigo: nessa cantiga ao invés do homem se expressar, quem se expressa é o homem, mesmo o trovador compondo a cantiga, o seu ponto de vista é feminino. Ele faz isso para poder mostrar o outro lado do relacionamento amoroso, ou seja, ele quer mostrar como a mulher sofre quando está à espera do namorado (que recebe o nome de amigo), logo ele quer mostrar a dor do amor não correspondido, as saudades, etc. apresentando um eu - lírico – feminino.
Vejamos um exemplo de uma cantiga de amigo:
Cantiga de amigo de Martim Codax (paralelística)
Paráfrase
Ondas do mar de Vigo
Se vires meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Ondas do mar revolto,
Se vires o meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Se vires meu namorado,
Aquele por quem eu suspiro!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Se vires meu namorado
Por quem tenho grande temor!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Essa cantiga é de amigo, e mostra que a mulher espera ansiosamente pelo amigo, visa bastante às ondas do mar de Vigo e sobre o regresso de seu amado.
Gênero satírico: cantiga de escárnio e cantiga de maldizer
• Cantiga de escárnio: essa cantiga apresenta uma crítica direta e irônica.
Vejamos um exemplo de cantiga de escárnio:
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!...
• Cantiga de maldizer: essa cantiga, como o próprio nome já diz, apresenta uma crítica também direta e mais grosseira.
Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
Outras modalidade satíricas
• As cantigas de joguete arteio e risabelha: são pequenas composições que fazem rir somente no momento, ou seja, causa um riso imediato, e que não têm nenhuma críticas às pessoas e nem à sociedade. |
• As cantigas de seguir: são construídas a partir de outra cantiga, ou seja, o tema da cantiga foi reaproveitado, os versos, as rimas e as músicas. |
• O sirventês: muito diferente de uma sátira personalizada, era composto por um servo em honra a seu senhor, ou seja, escreveu sobre os inimigos de seu senhor |
• O desacordo: se diferencia pela irregularidade do esquema métrico. |
• As tensões: era como se fosse um desafio onde os trovadores e os jograis tinham que calcular suas habilidades poéticas. |
• Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa;
• Cancioneiro da Vaticana.
Como vimos no texto anterior, existiam três tipos de cancioneiros, eles eram classificados de acordo com a qualidade e quantidade de suas cantigas.
Vejamos cada um deles:
• O cancioneiro da Ajuda
|
• O Cancioneiro da Vaticana
|
• Cancioneiro da biblioteca nacional
|
Com 310 cantigas, quase todas de amor. Esse é o mais velho cancioneiro, reunido no reinado de D. Afonso III. É o único que remota a época trovadoresca. | Com 1.205 cantigas de variados autores, mas todas com as quatro modalidades (amor, amigo, escárnio e maldizer), incluindo 138 cantigas de D. Diniz, que era considerado o Rei-Trovador. | Com 1.647 cantigas de todas as modalidades. O Cancioneiro também é chamado de Calocci-Brancutti em homenagem aos seus dois possuidores italianos. |
Em ordem decrescente era constituída a hierarquia dos poetas-músicos medievais e que era de bastante importância social e artística. 1. Trovadores: são poetas nobres, cultos criadores de cantigas e textos.
2. Jogral: são poetas humildes, eles também eram compositores de cantigas.
3. Segrel: estabelecia uma classe intermediária entre o trovador e o jogral. É importante lembrarmos que o segrel existiu somente na escola galego portuguesa. Eles eram da pequena nobreza, que reproduzia suas próprias composições. 4. Menestrel: era o nome que os músicos da corte passaram a ser chamado no século XIV, quando o nome jogral passou a ser desagradavelmente usado para chamar os bobos. |
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